O ano de 2025 se apresenta como um ponto de inflexão para quem observa o mercado de capitais brasileiro. Depois de uma seca histórica de ofertas desde o último IPO da Wilson Sons em 2021, investidores e empresas aguardam com expectativa o momento certo para retomar operações de abertura de capital.
Enquanto isso, o volume de captações por meio de dívida bateu recorde em 2024, alcançando R$ 783,4 bilhões, contra R$ 470,1 bilhões em 2023. Mas, curiosamente, quase nada desses recursos saiu de ofertas de ações.
O que é um IPO e sua importância
IPO, ou initial public offering, é o processo pelo qual uma empresa privada passa a ter suas ações negociadas em bolsa. Para o investidor, é uma oportunidade de participar do crescimento de uma companhia desde o início de sua trajetória pública.
Para a empresa, é um meio de captar recursos para expansão, pagar dívidas ou financiar projetos. Em momentos de juros baixos, como ocorreu entre 2020 e 2021, essa via se torna ainda mais atraente. Naquele período, 74 empresas abriram capital na B3.
Por que os IPOs desapareceram no Brasil
Diversos fatores explicam essa manutenção da escassez de IPOs no Brasil em 2025:
- alto nível de juros que privilegia aplicações de renda fixa sobre renda variável;
- insegurança fiscal gerada por pacotes de ajuste e cortes de gastos;
- falta de confiança e liquidez global em meio a incertezas macroeconômicas;
- percepção de janelas de mercado muito estreitas, segundo executivos do setor.
Esses ingredientes aumentam o custo de oportunidade para empresas que considerariam um IPO e elevam a volatilidade esperada no curto prazo.
Panorama de números e tendências em 2025
Embora as expectativas para 2025 ainda apontem para escassez de novas ofertas, há sinais de que um declínio gradual dos juros poderia reverter o quadro. Analistas estimam que a janela de IPOs só voltaria a se abrir de forma consistente a partir de 2026.
Em contraste, nos EUA, o volume de IPOs atingiu US$ 25 bilhões em 2024, com projeção de US$ 30 bilhões até o fim de 2025.
Perspectivas para empresas brasileiras na Nasdaq
Com o câmbio favorável e uma demanda aquecida por ações de tecnologia, cerca de seis a sete companhias nacionais avaliam captar na Nasdaq. Exemplos incluem fintechs e startups de tecnologia, que buscam aproveitar a liquidez e a visibilidade do mercado americano.
Esse movimento pode oferecer boas perspectivas de valorização futura para investidores dispostos a explorar o exterior, mas também traz riscos cambiais e regulatórios.
Riscos e vantagens de investir em IPOs
Investir em uma oferta pública inicial envolve:
- Potencial de ganhos acima da média no lançamento;
- Risco de volatilidade alta e desalinhamento entre preço e valor;
- Necessidade de análise do setor e da governança para avaliar a qualidade da empresa;
- Exposição a fatores macro, como juros e cenário político.
O investidor deve pesar esse conjunto antes de alocar capital em uma oferta nova, considerando seu perfil e horizonte de investimento.
Sinais de retomada e oportunidades para investidores
Para antever a reabertura das janelas de IPOs, fique atento a esses indicadores:
- Redução consistente da taxa básica de juros;
- Estabilização das contas públicas e avanços fiscais;
- Retorno de operações de M&A que sinalizem apetite por risco;
- Surgimento de empresas com governança robusta e histórico de crescimento.
Ao identificar essas condições, o investidor pode posicionar-se com antecedência, alocando recursos em carteiras específicas de ofertas públicas.
Em resumo, apostar em IPOs em 2025 no Brasil exige paciência e capacidade de análise, já que o mercado local segue em compasso de espera. Por outro lado, explorar oportunidades no exterior, especialmente nos EUA, pode ser um caminho válido para quem busca diversificação e exposição a setores de tecnologia e saúde.
Em ambos os cenários, a chave para o sucesso é acompanhar de perto os indicadores macroeconômicos, selecionar empresas com fundamentos sólidos e estar preparado para eventuais oscilações de curto prazo.
Investir em uma oferta inicial pode ser muito atrativo, mas demanda disciplina, pesquisa e alinhamento com seus objetivos financeiros a longo prazo. Avalie sempre seu perfil de risco e considere conversar com um assessor de investimentos antes de tomar decisões.
Referências
- https://www.infomoney.com.br/onde-investir/seca-de-ipos-vai-continuar-em-2025-projeta-anbima/
- https://www.suno.com.br/noticias/ipos-em-2025-expectativas-gss/
- https://startups.com.br/negocios/ipo/a-volta-do-ipo-13-empresas-que-podem-abrir-o-capital-em-2025/
- https://www.terra.com.br/economia/ipos-em-2025-quais-sao-as-expectativas-no-brasil-e-no-exterior,49b80b29ca529c5012722e34b365a93deg7kyw84.html
- https://www.poder360.com.br/poder-economia/bolsa-nao-tem-perspectiva-de-ipo-apos-3-anos-de-seca/
- https://www.infomoney.com.br/mercados/ate-7-empresas-brasileiras-devem-fazer-ipo-na-nasdaq-em-2025-diz-executiva/
- https://fastcompanybrasil.com/money/incertezas-na-economia-levam-ipos-para-a-fila-de-espera/
- https://www.nomadglobal.com/portal/artigos/ipo